terça-feira, 23 de abril de 2019

TELINHA QUENTE 357


Roberto Rillo Bíscaro

Em 2010, um líder do Hamas foi assassinado num hotel em Dubai, num crime logo associado ao Mossad, serviço-secreto israelense. O que mais capturou a imaginação, porém, foi o uso de dezenas de passaportes clonados de gente de verdade, da Europa e da Austrália, que, dum segundo pro outro, se viu implicada numa intricada trama engendrada a milhares de quilômetros de seu cotidiano.
Assim, se você tiver a sorte de cruzar com os 8 capítulos de Kfulim (2015) – internacionalmente conhecida como False Flag – cuidado antes de proferir o clássico, “só em séries mesmo...”.
Numa bela e calma manhã, em alguns subúrbios classe-média de Israel, 5 “comuns” veem as páginas de rosto de seus passaportes estampados nas telas dos principais canais de notícia, em escala global. A suspeita: terem sido autores do ousado sequestro dum ministro iraniano num hotel moscovita. Sinta o calibre do problema: árabes e judeus e russos. Pura espoleta atômica.
No começo, não há aparente ligação entre os suspeitos ou sequer cabimento nas alegações. Um químico pai de família; uma tutora bilíngue de inglês, com cara de sonsa; uma contadora prestes a se casar; uma garota que adora o escândalo, porque lhe proporciona seu momento Kardashian; uma espécie de Kadu Moliterno judeu. O que teriam em comum? Mas, aos poucos descobrimos alguns elos, esqueletos nos armários e pior, por que todos estavam fora de Israel no dia do sequestro, inclusive até na capital russa?
Pátria de Fauda, Hostages (ambas na Netflix) e do original de Homeland (preciso ver!), Israel tem sólida reputação quando se trata de thrillers. False Flag não nega a estirpe. O primeiro capítulo é daqueles que poderia constar em qualquer manual de roteiro de série de suspense: apresenta as personagens, nos interessamos por elas e os acontecimentos nos injetam mil dúvidas, que nos fisgam pros próximos episódios, sempre culminantes em cliffhanger reviravoltante ou revelatório. 
Com algumas personagens que descrevem arcos de mudança, como a inicialmente festeira Asia, False Flag não escapa dalguns clichês, como alguém possuir um melhor amigo hacker, disposto a se colocar em perigo de segurança nacional por você.
Qual série não os tem? O que importa é que False Flag entretém e eletriza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário