domingo, 20 de janeiro de 2019

SUPERANDO BARREIRAS CULTURAIS


Roberto Rillo Bíscaro

Uma das grandes crises globais é a dos refugiados, que precisam escapar de seus países em guerra ou intolerantes, pra algum mais seguro e rico. A princípio, parece que não há nada a ver entre uma mulher branca da pacífica e próspera Islândia e uma refugiada da Guiné-Bissau. Além das diferenças climáticas e étnicas, à primeira vista, os problemas de ambas devem ser diametralmente distintos, até mesmo pela condição socioeconômica e de direitos de seus respectivos lugares de origem.
A diretora Ísold Uggadóttir mostra que há mais em comum entre elas do que se poderia supor em seu Inspire, Expire (2018). Premiado no festival de Sundance, o filme consta do catálogo da Netflix.
Lára está perdida em seu próprio país: desempregada, prestes a ser despejada, ainda tem um filho pra criar. Adja está perdida no mundo: em perigo no país africano, tenta emigrar pro Canadá, pra poder viver em segurança com a filha e a irmã. Os caminhos dessas duas personagens se cruzarão, quando Lára consegue emprego como fiscal no aeroporto internacional de Keflavik, porta de entrada da Islândia. Ansiosa em mostrar serviço, a islandesa nota que seu colega não percebeu a falsificação no passaporte de Adja, que é enviada pra prisão a espera duma decisão governamental.
Quando Adja sai do cárcere e vai prum centro de refugiados, os percursos das duas voltarão a se cruzar, geralmente em cenários escuros, frios e desoladores, pra espelhar seus estados de espírito. Quieto e dando suas explicações de forma discreta e a conta-gotas, Inspire, Expire revela o núcleo comum que une as duas mulheres. E também nos mostra a solidariedade possível entre elas.

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