quinta-feira, 20 de maio de 2010

CONTANDO ALBINOS

Nova iniciativa do deputado paulista Carlos Giannazi no sentido da inclusão da população albina. Desta vez, ele enviou ofício ao IBGE solicitando nossa inclusão no Censo.

Ofício n°127--2010
IBGE
Exmo. Sr. Presidente; EDUARDO PEREIRA NUNES

Estamos encaminhando a Vossa Excelência proposta de inclusão no próximo censo nacional de pesquisa relativa aos dados sobre a população albina brasileira.
Transcrevemos a seguir apontamentos organizados por pequenos movimentos sociais de pessoas com albinismo em que a) descrevem brevemente a condição biológica dos albinos, b) as dificuldades de inclusão social dos albinos, c) a dificuldade de se obter informações sobre essa população
O albinismo é uma condição genética caracterizada pela ausência de pigmentação na pele, olhos, pelos e cabelos dos indivíduos. Desprovidos de melanina – que dá cor aos seres – as pessoas com albinismo são extremamente sensíveis á claridade e à radiação UV. Necessitam aplicar bloqueador solar diariamente diversas vezes devido á sensibilidade da pele com relação ao mormaço. A falta de pigmentação torna-os mais suscetíveis ao desenvolvimento de câncer de pele, por exemplo. Frequentemente, também apresentam baixa acuidade visual, necessitando óculos de graduação elevada e aparelhos óticos dispendiosos para enxergarem.
Mais comum entre afro-descendentes, o albinismo dificulta a inserção do cidadão na educação e no mercado de trabalho. Incapazes de acompanhar o resto dos alunos - ou mesmo vindo de lares com baixa renda e, portanto, longe da escola – muitas pessoas com albinismo não possuem educação formal adequada. Por isso, não conseguem encaixar-se no mercado formal de trabalho, vivendo em condições precárias e sem dinheiro para obter bloqueador solar, por exemplo. Esse mesmo contingente, ao desenvolver câncer de pele, procurará os serviços da rede pública, tornando-se mais onerosos ao Estado do que se políticas públicas de saúde fossem pensadas para atender as necessidades específicas dos albinos.
Ocorre que não existem dados no Brasil a respeito do número de pessoas com albinismo no país. As estatísticas utilizadas aqui provêm da Europa e dos EUA, onde a proporção de albinos pode ser menor, porque a proporção de afro-descendentes também o é, em relação ao Brasil.
Quantificar as pessoas com albinismo no país, através do próximo censo, tem dupla importância:
1 – permitiria o delineamento de medidas mais inteligentes de políticas públicas de saúde para esse contingente, uma vez que teríamos mapeado a localização dos maiores grupos de albinos, o perfil sócio-econômico e cultural dessa população (importante para saber qual a porcentagem que recorre ao serviço público de educação e saúde);
2 – permitiria ao próprio grupo – até agora invisível aos olhos do poder público – reconhecer-se enquanto identidades pertencentes a um contingente populacional, facilitando aos próprios albinos mobilização grupal e sentimento de pertencimento a um coletivo.
Para tanto, a inclusão dos albinos no próximo Censo do IBGE traria enorme avanço para a inclusão desse grupo tanto no quadro das políticas públicas de saúde, quanto no processo de afirmação identitária dos grupos minoritários e oprimidos.
Neste sentido contamos com a sensibilidade desse órgão e de seus agentes públicos para que possam, ainda no censo que se avizinha, incluir a busca por informações a respeito dessa população.
Atenciosamente
Carlos Giannazi-
www.carlosgiannazi.com.br
Deputado Estadual
Membro Titular da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de São Paulo


(Em homenagem à iniciativa de Giannazi e esperando que algum dia sejamos contados pelo IBGE, fiquemos com uma canção da banda inglesa The Magic Numbers.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário