Tânia Tomé lança campanha contra o preconceito à pessoa albina

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A ativista e multipremiada moçambicana Tânia Tomé está a liderar uma campanha global de combate à discriminação das pessoas com albinismo. Com o mote #EuSouMelanina – Juntos Contra o Preconceito à Pessoa Albina, o movimento internacional une arte, educação e liderança numa resposta urgente à violência, exclusão e ignorância que ainda vitimam milhares de pessoas albinas no continente africano e em comunidades afrodescendentes pelo mundo.
Economista, escritora, coach, artista, filantropa e presidente da organização Womenice.Org, Tânia carrega consigo um percurso de vida que se entrelaça com o seu ativismo. Desde pequena ouviu mitos sobre o albinismo que a marcaram profundamente. “Cresci ouvindo que tocar num albino dava má sorte. Aos oito anos, aquilo feriu-me. Quando abracei uma amiga albina no secundário, quis mostrar que ela era tão humana como qualquer um de nós”, contou à BANTUMEN.
A campanha, lançada em Moçambique e com ação em mais de 22 países através da Womenice.Org, é uma continuação desse compromisso pessoal e histórico. “Depois de mais de 700 assassinatos registados em 28 países, eu não podia ficar em silêncio. Esta campanha é a convergência entre a minha missão pessoal e a urgência histórica”, afirma.
O projeto incorpora um plano de 11 dias de ativismo, no âmbito do dia 13 de junho, Dia Internacional de Conscientização sobre o Albinismo, proclamado pelas Nações Unidas. Uma das ações mais simbólicas da campanha foi a realização de um evento em Chókwè, no interior de Moçambique, em parceria com organizações como AJAAB, AlbiMoz, K&H e a própria Womenice.Org. “Marchar com jovens albinos e defensores dos direitos humanos é mais do que um compromisso, é a minha missão de vida”, disse.
Como autora do romance Melanina – Uma Sonhadora da Favela do Quinto Grito, já publicado no Brasil e incluído no currículo de uma escola secundária, Tânia criou a personagem Melanina: uma heroína negra e albina, que agora está em fase de adaptação para banda desenhada e animação. O objetivo é levar essa história para plataformas como a Netflix e ampliar a representação de corpos diversos no audiovisual. “Escrever uma história que ainda não foi contada. Porque muitos meninos e meninas ainda não se veem refletidos nas histórias da Disney”, afirma.
Para Tânia, arte, educação e liderança formam uma tríade transformadora: “A arte emociona, a educação ilumina, a liderança mobiliza. Quando esses três pilares se encontram, geram transformação social real”.
Além da campanha e da literatura, Tânia oferece bolsas de mentoria e o seu livro Succenergy, obra que serve de base a formações em vários países e que tem sido uma bússola para jovens líderes e empreendedores. “Succenergy ativa a tua energia e descobre o sucesso que há em ti. Porque acredito fielmente que todos nós temos talentos profundos, basta saber ativá-los para o bem”.
Reconhecida como uma das 100 Pessoas Afrodescendentes Mais Influentes do Mundo pela ONU (MIPAD), e com múltiplas distinções internacionais – incluindo o título de Chair do Women in Business Awards e membro do júri do American Business Award – Tânia sente a responsabilidade de representar e abrir caminhos. “A visibilidade é um dom coletivo. Sei que represento muitos. Uso essa plataforma para amplificar vozes e abrir portas”, afirmou a ativista.
Quando questionada sobre o futuro da inclusão das pessoas com albinismo, Tânia responde com esperança e visão estratégica: “Visualizo livros didáticos com protagonistas albinos, políticas públicas eficazes e jovens com albinismo a estudar nas melhores universidades. Uma África onde nenhuma criança precise ter medo de ser quem é”.
Apesar dos desafios logísticos e culturais para escalar a campanha, Tânia Tomé acredita no poder da educação e da empatia como linguagem universal. E deixa um apelo: “Quero muito influenciar os influenciadores. Que deixem a polémica e abracem causas que realmente importam. Espero que se juntem a nós, com participação ativa e efeito multiplicador”.
Tânia Tomé continua a sua missão com a firme convicção de que, com apoio coletivo, é possível transformar realidades. “Do muito que há a fazer, quero continuar parte dessa caminhada, mobilizando o coletivo para unirmos forças e criarmos uma sociedade melhor e maior para todos”. (https://www.bantumen.com/artigo/tania-tome-preconceito-albina/)
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