segunda-feira, 23 de junho de 2025

INVENTORA ALBINA

Adolescente cria creme solar após perder o pai para o câncer de pele

Desenvolvido apenas com ingredientes orgânicos, como mel, banana, cúrcuma e leite, o produto terá um preço acessível
Maria Clara Pinheiro

Depois de perder o pai para o câncer de pele, aos 15 anos, a adolescente com albinismo Mwape Chimpampa, da Zâmbia, na África, desenvolveu um inovador creme solar orgânico. Com um baixo custo, o produto pode proteger mais de 30 mil pessoas com a condição no país.

Desenvolvido apenas com ingredientes orgânicos, como mel, banana, cúrcuma e leite, o protetor terá um preço acessível
Foto: Reprodução/Youtube / Bons Fluidos

"Assumi a responsabilidade de mudar a narrativa e criar este protetor para que ele seja acessível até mesmo para aqueles que não têm dinheiro para comprar cremes caros", disse a jovem em entrevista à 'ICU TV Zâmbia'.

Protetor inovador
O albinismo, condição comum na região da Zâmbia, é caracterizado pela baixa ou nenhuma produção de melanina, o que aumenta o risco de câncer de pele. Isso ocorre devido à maior sensibilidade à radiação solar. Estudos indicam que, sem o uso diário de protetor solar, a expectativa de vida das pessoas albinas é reduzida, podendo não passar dos 40 anos.

Em decorrência dos altos preços dos cremes, o familiar de Chimpampa foi um dos afetados pela doença. "Como minha irmã mais nova e eu, meu pai tinha albinismo. Ele, contudo, cresceu em uma família muito pobre, sem condições de comprar filtros solares", contou a jovem.

Assim, após o falecimento do ente querido em 2017, a menina encontrou forças, mesmo em um momento de luto, para desenvolver um filtro mais acessível não somente para a população do seu país, mas para indivíduos em todo o mundo. Mwape iniciou analisando fórmulas dos produtos disponíveis no mercado, a fim de encontrar substitutos para os componentes químicos.

A adolescente, então, a partir de ingredientes locais, como mel, banana, cúrcuma e leite, conseguiu criar o The Organic Sunscreen. Em seguida, Chimpampa, sua irmã e seis amigos testaram o creme, com Fator de Proteção Solar (FPS) 22, e comprovaram a eficácia contra os raios UV. O sucesso fez com que ela chamasse a atenção do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Zâmbia, que passou a financiar o projeto.

Próximos passos
Desta forma, atualmente, a organização negocia com investidores e fabricantes para viabilizar a produção em massa do o protetor até o final deste ano. Além disso, autoridades, como a especialista independente em albinismo da ONU Muluka-Anne Miti Drummond, defendem que o creme entre na lista de remédios essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Este projeto representa um passo enorme para a saúde pública na Zâmbia. Além de ser acessível, é local e sustentável. Vai salvar vidas, criar empregos e inspirar outros jovens inovadores", ressaltou o Dr. Chisala Bwalya, do ZRDC, à emissora de televisão.

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