sexta-feira, 23 de setembro de 2022

PRECONCEITO NA GRÃ-BRETANHA

Homem negro escuta frequentemente que “não pode ser o pai” de sua filha albina

Devido ao albinismo, Julia-Marie tem cabelos loiros, olhos azuis e pele pálida


Fruto da relação entre Marwa Houma (mulher branca) e Malcolm John (homem negro), a pequena Julia-Marie, de 1 ano e 3 meses, nasceu com a pele e os olhos claros. A princípio todos ficaram surpresos, já que o esperado era que a bebê compartilhasse tons de pele entre a mãe e o pai. Pouco tempo depois, a pequena foi diagnosticada com albinismo. A diferença de pele traz problemas para Malcolm, que precisa constantemente “provar” que realmente é o pai da criança.

Menina albina é filha de pai negro e enfrenta preconceito (Foto: Reprodução/Facebook)

Em entrevista ao site de notícias local Wales Online, a mãe (que mora em Londres, na Inglaterra), contou que ficou muito confusa após o nascimento da garotinha. “Ela nasceu completamente branca e pálida, com cabelos loiros e olhos azuis. Eu não esperava isso, porque o pai dela é de ascendência caribenha negra. Mas ele apenas falou: ‘este é o nosso bebê’. Ele a amou desde o primeiro dia”, lembrou.

Ninguém sabia explicar porque a menina tinha nascido com a pele clara até que ela foi diagnosticada com albinismo, dois meses após o parto. “O médico disse que Julia precisa estar totalmente protegida do sol, caso contrário ela pode ter câncer de pele. Ela também precisa de óculos, pois sua visão nunca será 100%. Não há cura para o albinismo”, contou a mãe. 

Durante a maior parte do verão na Inglaterra, os pais permaneceram dentro de casa com a filha, preocupados de que o sol pudesse trazer prejuízos para a saúde da criança. Nas poucas vezes em que os três saíram juntos, Marwa percebeu que Malcolm é frequente alvo de discriminação, devido a diferença de tom de pele entre ele e a bebe. “Uma vez tivemos um incidente no hospital. Ela tinha seis meses e estava chorando, então eu disse para ele: 'vou levá-la para o carro e você espera aqui para pegar a receita'. Mas a mulher do hospital não o levou a sério e disse que precisava ver a mãe da criança para ‘confirmar a data de nascimento dela’”, relatou a mãe. Furioso, Malcolm teve que pedir para que Marwa voltasse ao hospital.


A pequena também já sofreu preconceito e foi chamada de “macaca branca” - levando Marwa a abrir um processo contra os agressores. "Em 2022, é triste dizer, mas ainda há discriminação. Precisamos defender nossa Julia!", afirmou a mãe. Apesar das batalhas que Julia-Marie precisa enfrentar, a pequena se tornou modelo de bebê e serve de exemplo para milhares de garotinhas pelo mundo.

Julia-Marie e os pais (Foto: Arquivo pessoal)


Agora, a mãe luta para aumentar a conscientização sobre o albinismo, em uma tentativa de acabar com o preconceito contra pessoas albinas. “Muitas vezes esses assuntos são varridos para debaixo do tapete porque as pessoas não gostam de falar sobre isso. Isso é falta de conhecimento! Eu mesma sabia muito pouco sobre albinismo. Como pais, nós queremos que as pessoas saibam tudo o que aprendemos desde que Julia nasceu. As pessoas precisam entender o que é o albinismo e a origem do distúrbio. Não é contagioso e não é uma deficiência”, concluiu Marwa.

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