sexta-feira, 13 de setembro de 2013

PAPIRO VIRTUAL 63

Roberto Rillo Bíscaro

Não comungo da ideia de que qualquer coisa que se leia vale a pena. Incinerar pestana com porcaria? Por isso parei aos 72% - chique o Kindle indicar a porcentagem, gente! – do primeiro volume de Game of Thrones (1996), do provavelmente trilhardário George R. R. Martin. Várias continuações e a famosa série da HBO – sem contar outros produtos mil – devem ter estourado os bolsos do estadunidense.
Pra mim não deu. A história da disputa pelo poder entre famílias poderosas numa Idade Média fabricada num planeta inventado é contada decentemente, mas sem maestria literária. Parece um roteiro, onde os conflitos vão se empilhando previsivelmente, as personagens são profundas como pires e o texto é esterilizado por jargões, clichês e metáforas-catacrese. Se é só isso, prefiro ver a adaptação da HBO, que tá bombando e em algum HD externo na fila. Tomará menos tempo que os livros.
Cheguei até porcentagem tão alta por teimosia, porque me pegava desejando ler Walter Scott ao invés. Pelo menos o medievalismo do escocês tinha uma função simbólica importante nas convulsões sociais do século XIX. A medievalidade anacrônica de Martin também tem sua função além-de-escapista nessa pós-modernidade de nosso néo-medievo, mas prefiro viver sem isso.

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