segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

CAIXA DE MÚSICA 396


Roberto Rillo Bíscaro

Profissão de Urubu soa meio estranho como nome dum grupo tão melódico e delicado como o formado por Bruno Jefter (voz, violão e guitarra), Paulo Mello (voz e guitarra), Adolfo Neto (baixo e teclados), Pedro Araújo (guitarra) e Guilherme Maranhão (bateria).
Os brasilienses se inspiraram em Tom Jobim, que admirava a pobre ave com fama de agourenta a ponto de nomear um de seus álbuns em sua homenagem. Diz que em entrevista nos 70’s, o Maestro afirmou que “profissão de urubu é ser alegre e tristonho”.
O álbum homônimo de estreia saiu em 2015 e exceto por umas 3 ou 4 faixas, o resto é adjetivável com um sonoro cuti-cuti/nóxa-nóxa. Tudo muito fofo e inspirado por indie ou twee pop. Cheio de assobios, corinhos infantis, lálálás e láláláiás, faixas como Até, Setembro, Pinheiros, De Verdade, Par, Para Sempre e Embora serão irresistíveis para fãs de Marcelo Jeneci, Belle and Sebastian, pop influenciado por country, easy listening, cheio de teclados soando como cornetinhas. Dá vontade de cantar junto, pulando amarelinha. “Bom dia, bom dia, bom, dia láláiáláiá!”
Os números mais introspectivos também são deliciosos, graças às vozes doces de Bruno e Paulo. Vide o samba-canção bossa-novado que abre meio psych, de Cigarro na Orelha e a canção de ninar, meio pós-rock Fala, que tem até barulhinho de chuva.
E não dá de jeito nenhum pra dizer que é inacessível, pra poucos, não toca na mídia etc. Tá aqui, de graça, ó!

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