terça-feira, 18 de junho de 2019

TELINHA QUENTE 365


Roberto Rillo Bíscaro

Lavoisier dizia que no mundo nada se cria, tudo se transforma. O apresentador de rádio e TV, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, afirmava que na TV nada se cria, tudo se copia.
Lembrei do Velho Guerreiro, enquanto via os oito capítulos de Gidseltagningen (2017), internacionalmente conhecida como Below the Surface, produção do Kanal 5. Séries com reféns estão de moda, como atestam Hostages e La Casa de Papel, pra ficar nas resenhadas aqui.
Desde que o conteúdo seja bom e/ou divertido, não há problema nessa transmigração cultural. A minissérie dinamarquesa usa um sequestro de passageiros no metrô de Copenhague de forma eficaz e dá seu toque de originalidade ao problematizar de leve o papel que países ditos centrais e amantes da paz desempenham no terrorismo internacional. Isso sem perder o suspense, que é porque escolhemos ver esse tipo de produção.
Quando 15 pessoas são mantidas reféns no subterrâneo da capital dinamarquesa, imediatamente assumimos que os captores sejam de determinada etnia/religião, mas reviravolta em meados da trama põe esse estereótipo em xeque.
Gidseltagningen não decepcionará fãs de Scandi Drama, mesmo nós meio enfezados com a internacionalização: pra incorporar diversas nacionalidades e se tornar mais atraente pros mercados anglohablantes, produções escandinavas cada vez mais se apoiam no inglês, produzindo atuações abaixo da média, porque os pobres atores não estão operando em suas línguas nativas. Em Below the Surface, há motivo intraenredo pro idioma ser utilizado e assim mesmo, de vez em quando. Não se trata de botar um policial da Lapônia trabalhando com uma do Burundi num caso forçado.
Há tensão; há empatia com alguns passageiros devido a suas histórias pregressas; há bem-intencionado fazendo caca; há policial com problema pessoal sobrepondo-se ao caso e há certa noção de que nem na equitativa Dinamarca a lei é pra todos.

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